sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Hopeless



       Pode ser que eu tenha deixado cair um pouco de esperança por esses becos e ruas estreitas por onde passei. Esperança perdida, que já não sei mais por onde foi ou por que se foi, mas espero que volte pra mim. Já passou a madrugada, e todos logo se levantarão junto com o sol, porque hoje certamente será um belo dia. Já há pássaros cantando, já há flores se abrindo, há uma brisa leve que traz notícias de uma noite perdida, mas, eu… eu? Ficarei aqui. Vou esperar, vou deixar o tempo passar, e talvez restaurar o que eu deixei escapar. Eu logo direi que foi um súbito desespero, e logo tudo estará no seu lugar… Mas quem dirá? Possivelmente, esquecerei essa dor, me levantarei, seguirei em frente, deixarei isso para trás, chegarei a rir disso… Mas, por enquanto? Ficarei aqui.

sábado, 10 de novembro de 2012

Harmony




        Há crianças brincando no parque ao lado e há uma certa harmonia no ar. Uma pacificidade ilimitada e despreocupada. Uma pacificidade que parece dançar ao som de uma bossa, dançando sobre nossas cabeças. Ela vai, seguindo o ritmo, resvalando na calçada e segue um pouco tonta pela rua, passando de casa em casa. Abrindo portas, ela traz todos para fora para ver o lindo dia que logo irá se pôr. Entrelaça e se curva pelas árvores do parque, contagiando suas folhas e influenciando cada uma a dançar junto com ela. Uma pacificidade que logo irá partir com o cair da noite, queria eu que fosse perene. Queria eu que ela se entranhasse na minha pele, grudasse em mim. Queria eu, que como um parasita ela viajasse em meu sangue. Queria eu nunca mais perdê-la. 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

The Inside


           Aqui estou, onde nunca estive antes. E como é bom ver novas paisagens, novos rostos. E como é bom respirar novos ares, e como é bom fugir da minha rotina, como é bom estar aqui. E como é bom dividir um silêncio comigo mesma, dividir a simplicidade do meu ser, dividir a felicidade de estar aqui, onde eu nunca estive antes. Bem aqui onde estou, a minha curiosidade se mostra maior do que a minha timidez. A curiosidade de saber novas histórias, de descobrir segredos nunca relevados desse lugar. Quero ouvir poemas e canções sobre esse lugar, ouvir o silêncio que ninguém canta. Uma observação ampla daqui me faz entender o que nunca entendi sobre mim. Meus temores e minha angústias, minhas ansiedades e minha felicidade. Como é bom me conhecer, sentir segura em minha presença. Fechar meus olhos traz a sensação de já ter estado aqui, mas quanto tempo faz! Se assim foi, como é bom estar de volta! Como é bom estar aqui onde estou… Dentro de mim.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

As The Wind Blows, Let It Flow

         O que o vento levou há alguns anos talvez não volte mais. Que viagem longa essa que me fez passar tanto tempo, à espera de algo, com a cabeça inconfortavelmente apoiada na janela. Que mundo foi esse que eu deixei para trás, que personalidade fraca foi essa que me impediu de reagir, que falta de orgulho foi essa que me fez ajoelhar, implorar e clamar para ter tudo, tudo de volta. Não foi só a saudade, mas minha comodidade em relação à tudo em minha volta, que agora pareciam trocar de lugar e muitas vezes, lugar este, longe do meu alcance. Sempre quis tudo ao meu redor, como um quebra-cabeça, e que a qualquer momento eu pudesse mudar minhas próprias peças de acordo com minha própria lógica e vontade. Ato egoísta que percebi só depois de tantos anos, só depois de tanto esperar na janela, só depois de clamar e implorar. Só depois de perder tudo. Então, hoje, deixo ir tudo aquilo que manti preso ao meu lado por tanto tempo, sem contestar. Liberto, hoje, tudo aquilo que machuquei com a intenção de amar, e aquilo que usei para meu próprio bem. O amanhã será, nada mais e nada menos que, as consequências de meus atos. Mas suplico que, quando me supor hábil a reconhecer todos meus erros, o vento volte e traga tudo aquilo que um dia há de me perdoar.

sábado, 2 de julho de 2011

Love is a Laserquest

        Será que ainda somos os mesmos? Depois de anos que se passaram, tão rápido quanto o aparecimento de nossas responsabilidades, e com a rapidez de nosso afastamento. Não sei mais se fala a verdade quando diz que está bem. Você sabe como eu sou, procuro problemas onde talvez não haja, mas então, faço disso um problema. Sabe... eu guardei tudo, eu guardei você, e sua carta. Já me sinto mais velha, mas não madura o suficiente, acho que eu nunca fui. Ultimamente eu tenho pensado tanto, aproveito o tempo que me sobra para pensar, nessas coisas que evitamos sempre de pensar. Mas e você? Pensa nessas coisas? E se emociona assim como eu? Eu sei que isso não vai salvar aquilo que perdemos, mas talvez possa ajudar a lembrar de como fomos felizes. Mas e se as coisas realmente devem ser assim? Não quero mais te fazer sofrer, bem pelo contrário, mas há tantas coisas que eu precisava dizer. Tantas coisas que guardo há tanto tempo.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Overwhelming Secrets


          Era uma tarde de outono, não porque outono é considerada uma estação melancólica, mas porque ela realmente adorava as cores das folhas, que caíam das árvores, aparentemente esqueléticas. Ela gostava de imaginar coisas, momentos, ações e suas reações, palavras e textos. Mas nada tão diferente de tirar uma foto, e não a revelar. Guardava sentimentos, não porque não havia ninguém para lhe amparar, mas porque simplesmente era seu jeito, e lhe agradaria mantê-los sempre dentro de si. Embora gostasse de ouvir o desabafo das pessoas, ela se sentia fraca por muitas vezes não ter a solução para seus problemas, e nem mesmo o medicamento, que talvez elas precisassem para impedir aquela dor. Ela pegou seu cobertor, sentou-se em sua cama, e ficou ali por algumas horas. Lembrou-se de sentir-se vazia, não sozinha, apenas vazia.Chegou a resmungar sobre sua rotina, apesar de não ser de seu perfil reclamar sobre a vida. Lembrou-se sobre as noites de inverno que passava frio, sentada no chão, escutando conversas, e gritos, que sempre quis evitar. Conversas que não eram a seu respeito, e gritos que não partiam de sua boca, mas que muitas vezes desejou que assim fosse. E os passos nervosos, as batidas na porta, lágrimas secas, e mãos que tremiam sem saber como agir. Ela guardava sentimentos demais.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Deep Silence

       Enquanto você estava dormindo, ou até mesmo sonhando. Quando o seu único pensamento era apenas não acordar. Enquanto lá fora, o vento soprava uma brisa, que pela janela entrava, e se arrastava por seu cobertor, e fazia com que seu corpo se arrepiasse, conforme a brisa se entrelaçava em seu pescoço. Quando não havia preocupações, nem medos, ou só aquele de que a luz do sol entrasse pelos pequenos frisos de sua janela. Seu corpo mergulhado no profundo silêncio. Enquanto você estava dormindo, ou até mesmo sonhando.