sexta-feira, 19 de março de 2010

As lágrimas em meus olhos deformavam seu rosto, até que tudo embaralhasse e o que eu conseguia ver eram apenas vultos, manchas, em todos os sentidos. Deixei que as lágrimas se libertassem de meus olhos, e que caminhassem sobre meu rosto como se tivessem algum tipo de rumo. Dou meia volta. Fecho meus olhos, me perco nas memórias, não me recordo de alguma confiança. Eu poderia deixar todos meus problemas para trás se eu tivesse certeza que eles não bateriam à minha porta á noite, se ao menos eu tivesse essa certeza, talvez me sentiria mais segura, mas a questão é, quão seguro é se sentir seguro?

quinta-feira, 11 de março de 2010

Mansão de madeira.

Por mais cautelosos que fossem seus passos, aquele antigo chão de madeira escura não deixaria ninguém passar por despercebido naquela casa. Girou a maçaneta, se direcionou a velha poltrona de couro de seu pai, onde se aconchegou suavemente, rezando para que seu pai voltasse tarde do trabalho, porque só Deus sabia o que seria dele se seu pai o visse lá. Agarrou com as duas mãos o livro que se encontrava na mesinha ao lado, o abriu, e logo seu corpo permaneceu na mesma posição, extático, apenas seus olhos se mexiam lentamente de um lado para o outro, ele achava engraçado a maneira que se sentia seguro ao ler aquele livro - aquele e tantos outros que ja estavam acumulando pó na estante da sala principal - sua imaginação aos poucos começava a construir um outro lugar - completamente diferente ao qual ele estava acustumado a viver - um lugar sem uma realidade tão dura, e isso o fazia sentir a tal segurança. A história do livro contava sobre uma tarde de verão, enquanto crianças brincavam pelos gramados de um parque qualquer, um homem caminhava lentamente atravessando o parque, para chegar a sua casa que não era muito longe dali, pelos seus trajes, era um homem de classe alta, o mais rico da cidade, era o que diziam, morava na mansão logo no final da rua do parque. A maioria das pessoas mantinham uma grande distância do velho rico, corria boatos que ele espancava o própio filho, aquele menino doce que costumava ler para as crianças do bairro, era o único de todos que ja havia aprendido a ler, talvez seu pai não fosse bem das idéias, era o que comentava uma mulher que dizia ser vizinha de porta do tal homem. Ele não olhava para os lados, nem para frente, sempre em linha reta olhando para o chão, ele seguia. Ele chegou em casa, empurrou a porta, gritou á sua empregada para que levasse um café em seu escritório, subindo as escadas parecia descontar cada problema que se envolveu em seu trabalho em cada degrau, logo chegou ao corredor, por mais cautelosos que fossem seus passos aquele antigo chão de madeira escura não deixaria ninguém passar desapercebido naquela casa. Girou a maçaneta.